Rapé: o que é, como é feito, benefícios, tipos e mais

O rapé é uma espécie de medicina ancestral usada por indígenas há milhares de anos — inclusive, ele está presente em diversas culturas nativas do Brasil e da América do Sul. Antigamente, sua utilização era restrita aos pajés e às curandeiras das aldeias, os quais usavam como uma forma de conexão com espíritos da natureza, que os guiavam com conhecimento e ensinamentos de cura.

Se você está cogitando adquirir rapé ou está apenas buscando conhecimento sobre o assunto, este texto foi feito especialmente para você. Hoje, vamos desvendar as principais informações sobre características, benefícios, efeitos e cuidados do rapé, mistura que a cada dia ganha mais força. Continue rolando a tela e confira!

O que é rapé e para que serve?

O rapé é uma mistura feita de tabaco, cascas de árvores, ervas e outras plantas sagradas. Hoje, sua utilização não é mais restrita aos líderes indígenas, mas também a todos os integrantes da aldeia e até mesmo em outras culturas, mesmo as não indígenas.

Essa substância é definida como enteógena, ou seja, é usada para expandir a consciência e induzir ao estado xamânico ou de êxtase. Mas não se engane, o rapé na sua forma natural não possui qualquer tipo de efeito alucinógeno. Resumindo: não causa nenhum tipo de “brisa” que altera a sua consciência ou algo do tipo.

Diferente disso, o rapé pode causar sensações de leveza, energização e limpeza espiritual. Geralmente, o processo é conduzido por um guia espiritual que realiza a aplicação. Afinal, o seu foco é promover a cura de doenças e espiritual.

Leia o nosso post sobre o tabaco e suas origens e fique ainda mais por dentro dessa substância!

Quais são os benefícios do rapé?

O uso do rapé pode ter inúmeros benefícios para a saúde física, mental e espiritual. Além disso, há relatos e evidências de que sua utilização também contribui para o tratamento de doenças e outras enfermidades. Outros benefícios são:

1. Efeito calmante

Um dos principais benefícios relatados do rapé é o efeito calmante e relaxante. Quando ministrado de maneira correta, pode auxiliar pessoas que estão passando por dias estressantes, sensações de raiva e pensamentos fora do controle.

2. Aumenta a concentração

O uso do rapé também pode estar associado à concentração. Nos rituais, é perceptível que os usuários passem a prestar mais atenção nos detalhes da natureza e nos sentimentos que passam muitas vezes despercebidos em um cotidiano agitado, como acontece com o CBD, por exemplo.

3. Auxilia no tratamento de doenças crônicas

Além de tudo, o rapé pode ser utilizado para tratar doenças crônicas como a sinusite, rinite e enxaqueca. Isso ocorre devido à sua utilização nasal, que ajuda a limpar as vias respiratórias promovendo mais conforto e saúde.

4. É aliado no tratamento de doenças mentais

Devido à sua capacidade de proporcionar um relaxamento corporal e emocional, ele pode aliviar os principais sintomas da depressão e da ansiedade.

Qual é o efeito do rapé?

O rapé é ministrado por meio de um instrumento sagrado que assopra a substância para o nariz. Nos primeiros minutos, o usuário pode sentir sensações intensas e negativas, como espirro, tosse e até vômitos em alguns casos. Em seguida, é observada a sensação de clareza mental e sensação de expansão, que podem variar de pessoa para pessoa e também das plantas medicinais indígenas usadas na mistura.

Durante os rituais que envolvem o rapé, ao ser inalado, acaba formando uma fumaça no ambiente que deve ser soprada. De acordo com algumas tribos, é importante que o usuário esteja com seus pensamentos alinhados para que os efeitos medicinais e espirituais tenham resultado.

Rapé faz mal para a saúde?

Não há evidências científicas e médicas de que o rapé cause algum tipo de câncer. No entanto, como qualquer outro tabaco, o rapé pode levar à dependência. Em alguns casos, o uso dessa substância pode causar doenças como câncer. Contudo, seu uso ritualístico é moderado.

Um fator muito importante do rapé é: acredita-se que ele pode ter efeitos bons associados ao bem-estar e relaxamento, mas também pode ter efeitos controversos, associados a males espirituais. Em muitas tribos indígenas, usar o rapé é um ato de muita coragem e confiança para quem aplica e para todos que participam.

Quais são os tipos de rapé existentes?

Os componentes do rapé podem variar conforme a tribo que o produz, sendo assim, existem alguns tipos diferentes e que podem variar também nos efeitos causados. Veja alguns dos tipos de rapés tradicionais:

Murici

Esse tipo de rapé conta com cinzas da árvore Murici. Ele é muito utilizado em tratamentos de cura física, já que ao ser inalado, limpa e reorganiza as energias acumuladas na região do ventre.

Canela de Velho

Ao ser utilizado, ele atua nos centros físico, mental e emocional, fazendo com que eles fiquem equilibrados. A tribo Kaxinawá faz o uso desse tipo de rapé.

Jurema Preta

As cinzas da jurema preta compõem esse tipo de rapé. Ele é bastante utilizado por quem busca força e equilíbrio, já que limpa e ativa as energias da kundalini, presente na coluna vertebral, e também expande a consciência, alinhando os chakras.

Cumaru ou cumaru de cheiro

O Cumaru acalma os pensamentos por meio da ativação dos chakras presentes na região da cabeça e ajuda na concentração e no foco mental. Aliás, as tribos do Acre fazem uso desse tipo de rapé — interessante, né?

Cacto

Esse rapé é feito com as cinzas do cacto mandacaru. Ele é usado para tratamentos relacionados à cura física, pois reorganiza e faz uma limpeza profunda nas energias acumuladas no centro físico.

Tsunu

Esse tipo de rapé conta com a casca de Pau Pereira em sua composição. Ele é utilizado pela tribo Yawanawá para o equilíbrio físico, emocional e mental. Além disso, para quem busca limpeza e conexão com a natureza, esse rapé é o ideal.

Mulateiro

Esse é um dos tipos mais comuns de rapé, já que é produzido com tabaco e cinzas da árvore de Mulateiro. Ele age diretamente na circulação bilateral e auxilia na liberação de tensões presentes na cabeça.

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Referência

• MENESES, G. P. Medicinas da floresta: conexões e conflitos cosmo-ontológicos. Horizontes Antropológicos, v. 24, n. 51, p. 229–258, ago. 2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ha/a/5QYzpq3cnMmzTjhxBn794Dd/>.
• ‌Rapé Império do Brasil. Disponível em: <https://www.rapeimperiodobrasil.com.br/pagina/rape-faz-mal-pra-saude.html>. Acesso em: 7 jun. 2024.