Em 2017, a Anvisa classificou a Cannabis Sativa como planta medicinal¹. Apesar dessa decisão não liberar o comércio e uso no país, seu acesso para pesquisas científicas e tratamentos experimentais, acaba aumentando. O que amplia as chances de novos métodos, medicamentos e outras descobertas.
De lá para cá, tivemos uma série de decisões favoráveis e desfavoráveis pela justiça, onde o cultivo doméstico da maconha para produção do óleo de canabidiol foi liberado em casos específicos². Indo na contramão a isso, tivemos novamente a proibição da importação de flores para fins medicinais³, um retrocesso que pode ter afetado muitos pacientes.
Mesmo existindo diversos estudos sérios que apontem os benefícios do uso medicinal da maconha, podemos ressaltar que o futuro da planta ainda é incerto no Brasil. Por outro lado, entendemos a importância de falar abertamente sobre o assunto, trazendo contextos importantes que precisam de um pouco mais de atenção.
Por isso, preparamos um conteúdo repleto de informações e referências a respeito da maconha medicinal e seus benefícios. Continue lendo e confira o post completo. Boa leitura!
A maconha e suas propriedades
Existem dois tipos de maconha que podem ser encontrados na natureza: a Cannabis Indica e a Sativa. Os dois tipos têm efeitos diferentes, mas vale ressaltar que somente a segunda acaba sendo usada de maneira medicinal. Isso não significa que consumir o outro tipo fará mal à saúde, mas apenas que os estudos estão focados em uma delas⁴.
A planta possui mais de 400 substâncias químicas, das quais 60 se classificam na categoria dos canabinóides. O THC (Tetrahidrocanabinol), é considerado o único canabinóide capaz de causar reações psicotrópicas, ou seja, que dão “brisa”. Mesmo assim, seu uso ainda acaba sendo muito positivo para doenças. Saiba mais no decorrer do texto!
Além do THC, outros compostos são amplamente usados em diversos medicamentos, como no caso do CBD (canabidiol) e o CBN (canabinol), sendo um dos mais estudados e usados atualmente.
Cada um deles possui um efeito diferente no corpo e na mente, conforme os níveis consumidos. Portanto, os remédios elaborados podem ter a mistura de três, dois ou apenas um componente da planta.
Efeitos no corpo
Você já entendeu que os efeitos da maconha podem variar de acordo com os seus canabinóides. Confira agora como cada um deles pode agir no nosso corpo:
- THC: tem ação psicoativa, causando a “brisa”, deixando a mente leve e dando maior desinibição social. O THC também induz o riso, fome e sede. Aguça a percepção de alguns sentidos, como paladar e audição;
- CBD: é responsável por efeitos como sensação de dormência e sonolência. A gíria stoned vem daí, significando “pesado como pedra”. Também é analgésico e sedativo;
- CBN: atua mais internamente no corpo, como no sistema imunológico. Também é um composto
O uso medicinal da cannabis
O uso medicinal da Cannabis sativa se dá conforme a administração das doses de THC, CBD e CBN. Como dito, uma combinação pode ser necessária para atingir os efeitos necessários. Abaixo apresentamos uma série de condições e doenças que podem ser tratadas pelo uso medicinal da maconha.
Dores
A maconha é amplamente utilizada pela comunidade cannábica há anos como um ótimo analgésico. Estudos comprovaram a ação de seu composto CBD no sistema nervoso, como sedativo e inibidor de dores crônicas, tratando doenças musculares ou degenerativas, como:
- fibromialgia;
- miastenia gravis;
- esclerose lateral amiotrófica;
- artrose.
Tratamento de câncer
Hoje, a cannabis é muito usada no mundo no tratamento de câncer. Seu efeito antiemético (inibidor de náuseas e vômitos) se mostra promissor, trazendo resultados que melhoram a condição de vida de muitos pacientes. Isso acontece, pois a quimioterapia acaba sendo muito invasiva ao corpo, tendo como efeito colateral as náuseas e vômitos.
Além disso, proporciona alívio da dor, melhorando a condição de vida das pessoas. Outro papel importante que a planta acaba ajudando diversos pacientes com câncer é no sono, já que desempenha um papel crucial no relaxamento muscular.
Distúrbio alimentares
A famosa larica, conhecida por muitas pessoas, pode ter um papel importantíssimo para pessoas que sofrem com distúrbios alimentares, como anorexia, bulimia e transtorno alimentar noturno, já que compostos como o THC atuam estimulando o apetite e a sede. Incrível não é mesmo!
O melhor de tudo é que os medicamentos, diferentes de outros que não possuem a erva na sua fórmula, atuam no organismo rapidamente após a ingestão, fazendo efeito mais rápido.
Epilepsia
A epilepsia é uma condição médica onde o paciente apresenta perturbação da atividade das células nervosas no cérebro, causando convulsões. Uma situação extremamente difícil em que o tratamento com o uso de remédios muitas vezes é extremamente caro e inviável para muitas pessoas.
Felizmente, o uso do CBD pode ser empregado para o tratamento de epilepsia, atuando diretamente no controle dessas crises convulsivas. Um tratamento extremamente efetivo que pode apresentar até 80% de redução nas crises após o seu uso⁵. Com isso, não restam dúvidas que o uso da erva pode, sim, salvar a vida de muitas pessoas com essa condição!
Transtorno do espectro autista
Estudos mais recentes apontam que o uso da cannabis pode ser benéfica até mesmo para os portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA). O canabidiol acaba tendo resultados expressivos no alívio de vários sintomas: tiques, convulsões, depressão, inquietação e ataques de raiva⁶.
Além disso, o uso do CBD também pode trazer resultados positivos de cunho social, onde muitos podem melhorar a comunicação e interação com outras pessoas.
Sabemos que a verdinha é cheia de mitos que infelizmente mancham a sua imagem. Por esse motivo, confira alguns mitos e verdades sobre a maconha e se surpreenda. Acesse o link para saber mais!
Movimentos desordenados
Os espasmos musculares são sintomas de uma série de doenças musculares, autoimunes e neurológicas, como Mal de Parkinson e esclerose múltipla. Um medicamento que equilibre bem os princípios ativos da Cannabis sativa é o mais adequado, para evitar efeitos psicoativos exagerados.
Altas doses de THC associadas com baixas doses de CBD podem causar paranoia e ansiedade, agravando os espasmos dos pacientes.
O uso medicinal da maconha está cada vez mais amplo, tratando inclusive pacientes psiquiátricos com transtornos de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. A chave para uma medicação eficiente é equilibrar bem os canabinoides THC, CBD e CBN para proporcionar um efeito positivo no quadro completo da saúde.
E aí, o que achou dessas informações? Compartilhe este post em suas redes sociais, passando a bola para seus amigos conhecerem os benefícios da Cannabis!
Você sabia que a maconha e a religião estão ligados em diversas culturas ao redor do mundo? Pois bem, a erva é utilizada pelos adeptos em várias crenças como forma de se aproximar mais de deus ou para ter experiências transcendentais. Saiba mais clicando no link!
Referências
- Anvisa inclui Cannabis sativa em lista de plantas medicinais. Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/noticia/anvisa-inclui-cannabis-sativa-em-lista-de-plantas-medicinais.ghtml>. Acesso em: 16 jan. 2024.
- Mães conseguem na Justiça direito de plantar maconha para tratamento dos filhos em Marília. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2019/02/19/maes-conseguem-na-justica-direito-de-plantar-maconha-para-tratamento-dos-filhos-em-marilia.ghtml>. Acesso em: 16 jan. 2024.
- Importação de Cannabis in natura e partes da planta não será permitida. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/importacao-de-cannabis-in-natura-e-partes-da-planta-nao-sera-permitida>. Acesso em: 16 jan. 2024.
- MONTEIRO, L. et al. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/3118/1/TCC%20-%20Larissa%20e%20Maria%20Karulyna.pdf>.
- MATOS, R. L. A. et al. The Cannabidiol Use in the Treatment of Epilepsy. Revista Virtual de Química, v. 9, n. 2, p. 786–814, 2017. Disponível em: <>.
- CLEA MARINHO LIMA, M. et al. Uso da Cannabis medicinal e autismo. Jornal Memorial da Medicina, v. 2, n. 1, p. 5–14, 30 nov. 2020. Disponível em: <https://www.jornalmemorialdamedicina.com/index.php/jmm/article/view/29>.
Ela sendo de uso medicinal,sim responde a várias situações de doenças,faço o uso e me sinto bem disposta e de bem com a saúde,meu tratamento me curou da minha doença!
Que bacana Fran!! assine a nossa newsletter para receber nossos conteúdos sobre o tema. Um forte abraço!!
Estou numa pesquisa grande. Meu pai tem Miastenia Gravis e mesmo os medicamentos fortes não estão fazendo efeito, fomos aconselhados pelo neurologista a buscar ajuda no óleo de canabidiol. Estou aguardando a autorização da anvisa. Tomara que dê certo!!
Estamos na torcida por vocês!!