A especiação da maconha não é uma prática nova! Remonta ao início da utilização da planta, quando funcionava como matéria prima para a produção dos tecidos e utensílios de algumas tribos da Ásia Central.
Desde então, as diferentes variedades surgiram de maneira natural ou induzida pelo homem, e assim ganhamos os tipos mais conhecidos da erva: a sativa e a indica. Além delas, porém, existem diversas outras espécies, híbridas ou não.
Diante da imensa diversidade atingida nos últimos anos, até os maiores conhecedores da ganja têm dúvidas sobre quais características químicas diferenciam uma erva da outra, que efeitos diferentes elas produzem e para quais usos cada erva é mais indicada.
Por isso, para que você entenda de verdade sua variedade favorita e possa escolher melhor antes de apertar, confira nosso guia sobre os tipos e usos da erva!
Como funciona a especiação da maconha?
Antes de se aventurar pelas características das diferentes variedades da erva, vale entender como uma mesma planta pode assumir caras tão diferentes.
Isso acontece pois a maconha é uma planta com grande plasticidade genética, ou seja, adapta-se muito bem aos diferentes tipos de solo e características climáticas. Assim, de acordo com cada local em que é plantada e suas específicas condições de cultivo, desenvolve-se plantas com características diferentes.
De maneira geral, todos os exemplares possuem o mesmo grupo de princípios ativos. Aqui, você já deve ter pensado no CBD (Canabidiol) e no THC (Tetrahidrocanabinol), os dois canabinóides principais, responsáveis pelos efeitos característicos da erva.
A diferença mora nas proporções que cada princípio ativo assume de acordo com a variedade da Cannabis. Manipulando as relações entre os níveis de THC e CBD, é possível gerar efeitos diferentes que vão do relaxamento à euforia.
Os tipos da erva
Agora que você sabe de fato o que é uma variedade da Cannabis, confira só as infinitas possibilidades do seu cultivo. Com vocês, os tipos e variedades de maconha:
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Sativa: uso diurno, clareza e criatividade
Comecemos pela sativa, a espécie mais difundida da maconha. É natural de países de clima quente, localizados próximos à linha do equador. Isso quer dizer que exige muita, muita luz solar, o que pode ser um fator impeditivo ao cultivo indoor. Essa também é a maior espécie canábica, e pode chegar a incríveis 2 metros de altura.
Seus níveis de THC são moderadamente mais elevados em relação aos de CBD, e essa característica é crucial aos efeitos produzidos. Olha só:
- Efeitos:
De maneira muito simplificada, o THC tem caráter estimulante, enquanto o CBD é um regulador de seus efeitos. A utilização de uma variedade com níveis mais elevados de THC, portan
to, enfatiza os aspectos eufóricos da brisa. É possível experienciar aumento de energia física, melhoras no humor, pensamentos mais soltos, acelerados e propensos à criatividade.
- Indicação:
Planeja usar durante atividades outdoor, ao ar livre, que exigirão grande interação com outras pessoas e muita atividade física? Escolha a sativa. Ela também é indicada para quem deseja criar ou clarear as ideias, abrindo as portas para novas possibilidades.
- Cepas:
Algumas das sativas mais conhecidas são a Jack Herer, Sour Diesel, Green Crack, Lemon.
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Indica: uso noturno, relaxamento e reflexão
A indica é normalmente comparada à sativa como uma irmã gêmea de personalidade bem diferente. Ao contrário da primeira espécie, é natural de regiões com clima ameno, e necessita de menos luz solar. Também cresce menos, algo em torno de 1 m, e leva menos tempo para atingir a total maturidade. Por essas e outras características, é muito visada para o cultivo indoor.
Como você já deve ter imaginado, a indica também é o espelho da sativa quanto aos níveis de THC e CBD, apresentando maior proporção de Canabidiol. Quer ver como isso se reflete em seus efeitos? Bora!
- Efeitos:
Com maiores níveis de CBD, a Cannabis Indica provoca, essencialmente, relaxamento. Primeiro, seu efeito é notado nos músculos, pela sensação de conforto, analgesia e calma. Os efeitos calmantes também são sentidos na mente, que fica menos tensa, mais leve e focada no momento presente.
- Indicação:
Se deseja utilizar maconha para efeitos terapêuticos, como redução do stress e da ansiedade, a indica é pra você. A erva pode te ajudar a despressurizar depois de um longo dia, relaxando corpo e mente para um sono mais reparador – e essa é, inclusive, a espécie recomendada para quem deseja tratar a insônia com maconha.
Também funciona muito bem contra dores e espasmos musculares e, por sua alta concentração de CBD, é a variedade escolhida para o desenvolvimento de medicamentos com canabinóides. Uma brisa com indica é perfeita para aqueles dias preguiçosos em que o rolê perfeito é se jogar num sofá com os amigos, com música relaxante, conversas reflexivas e uma boa larica.
- Cepas:
Os tipos mais populares de indica são a Bubba Kush, Afghani e Northern Light.
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Híbridas: o melhor dos dois mundos
Como o nome diz, as variedades híbridas são misturas dos dois principais tipos de Cannabis, indica e sativa. Por isso, conseguem conciliar os efeitos de ambas, apresentando níveis de CBD e THC equilibrados de acordo com a intenção da hibridização.
Existem híbridas produzidas para otimizar o cultivo, unindo pontos positivos na morfologia e apresentação de cada uma das espécies. É possível, portanto, desenvolver uma planta mais resistente a altas temperaturas, por exemplo, ou melhorar sua resposta a pragas e doenças.
- Efeitos:
É impossível resumir os efeitos de todas as variedades híbridas, posto que cada proporção de CBD e THC apresenta diferenças sutis nos efeitos, muito adaptáveis aos usos específicos que se deseja fazer. De maneira geral, as híbridas misturam efeitos da indica e da sativa, relaxando corpo e mente, eliminando estresse e dores musculares.
- Indicação:
As híbridas são indicadas para quem deseja combinações muito específicas dos efeitos da indica e da sativa. São ervas muito versáteis e ótimas para uso recreativo.
- Cepas:
Algumas das strains mais conhecidas do tipo híbrida são a Blue Dream, OG Kush e White Widow.
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Ruderalis: matéria-prima tradicional
Aposto que muitos conhecedores da maconha não sabiam da existência dessa variedade da sativa, muito cultivada e utilizada ao redor do mundo.
A Cannabis ruderalis tem níveis muito baixos de THC e CDB, então não dá brisa e não possui grandes efeitos medicinais. Seu nome é derivado de uma palavra alemã que significa algo como “erva daninha”, porque é muito comum na beira das estradas na região central da Ásia.
Ela floresce mais cedo que os outros tipos de erva, e justamente por isso é muito procurada para gerar sementes autoflorescentes. Além disso, é da ruderalis que se extrai o que conhecemos como cânhamo, uma fibra usada para diversas coisas, como extração de combustível, confecção de tecidos, papel ecológico e leite vegetal.
- Efeitos:
Por sua baixa dosagem de canabinoides, não causa efeitos ao ser consumida pelas pessoas.
- Indicação:
É indicada como matéria-prima de tecidos, fibras e alimentos.
- Cepas:
Não possui cepas diferentes.
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Purple Haze: intensa e psicodélica
Essa é a variedade que ficou famosa pela música do Hendrix, “Purple Haze”, de 1967. É aquela do bud roxinho, a strain mais conhecida da sativa.
Seus níveis de THC são os mais elevados dentre as strains disponíveis. Por isso, seus usos são bem específicos. Dá uma olhada:
- Efeitos:
Euforia é a palavra da vez. Seu efeito principal é de excitação, energia, hiperatividade. O THC potencializado tem fortes efeitos psicoativos, o que rendeu sua fama de erva psicodélica.
- Indicação:
É indicada a quem possui maior experiência com a planta e deseja brisas mais intensas, eufóricas e criativas. Utilize-a em um local seguro, com pessoas em quem você confia, em um momento de calma e bom estado mental.
Quando se conhece os tipos diferentes de maconha é possível escolher melhor qual erva fumar e, assim, adequar as expectativas e os preparativos aos efeitos da variedade escolhida. O resultado? Brisas muito mais satisfatórias e sem surpresas negativas, como uma possível bad trip.
Procurando por uma boa dica para redução de danos? Evite misturar variedades que não conhece, pois os níveis entre princípios ativos podem se relacionar de maneira desproporcional ou excessiva. Entenda bem o que está usando e aproveite a viagem!
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Adorei o post!!! Tmj
Olá Ana Clara, obrigada pelo feedback, toda semana tem novidade pra você!